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terça-feira, 18 de maio de 2010

Europa cria "DNA" para preservar formatos digitais em extinção

Caixa com informações para decifrar formatos digitais ficará trancada por 25 anos

Arnd Wiegmann/Reuters
Caixa contém vários formatos digitais extintos ou em extinção que
permitirão a futuras gerações ler dados digitais do passado

Em um complexo subterrâneo secreto nos Alpes suíços, pesquisadores depositaram nesta terça-feira (18) um "genoma digital" que servirá como orientação a futuras gerações para que possam ler dados armazenados por meio de tecnologias extintas.

Acompanhados por um forte esquema de segurança, os cientistas carregaram uma "cápsula do tempo" por um labirinto de túneis e atravessaram cinco zonas de segurança para chegar ao cofre onde ela será armazenada, perto das reservas de esqui Gstaad.

A caixa selada contendo as chaves para decifrar formatos digitais extintos ficará trancada pelos próximos 25 anos, protegida por uma porta de 3,5 toneladas, forte o bastante para resistir a um ataque nuclear contra a instalação.

Adam Farquhar, da British Library, um dos dois cientistas da computação e arquivistas encarregados da transferência da cápsula, expolicou a importância do projeto.

- É possível pegar os cadernos de anotações de Einstein em uma estante e lê-los ainda hoje. Mas daqui a 50 anos é possível que a maior parte das anotações de Stephen Hawking só existam em forma digital, e talvez não tenhamos como lê-las.

A cápsula representa a conclusão do projeto "Planetas, iniciado quatro anos atrás com o apoio de 16 bibliotecas, arquivos e instituições de pesquisa europeias, a fim de preservar os ativos digitais do planeta em meio ao ritmo acelerado de substituição de hardware e software.

Coordenador do projeto avaliado em R$ 33,68 milhões, Farquhar disse que a cápsula do tempo "contém o equivalente digital ao código genético de diferentes formatos de dados, é uma espécie de 'genoma digital´",

- Não tenho como ler minha dissertação hoje, a não ser em papel, porque na época em que a escrevi não existia um sistema como este disponível.

Já existem cerca de 100 gigabytes de dados - o equivalente a 24 toneladas de livros - por habitante do planeta, variando de fotos de férias a fichas médicas, disseram os organizadores do projeto, acrescentando que esse volume equivaleria a mais de 1 trilhão de CDs repletos de dados, em todo o mundo.

Mas à medida em que os avanços tecnológicos se sucedem e permitem que as pessoas vivam por mais tempo, a duração de cada tecnologia se reduz, o que significa que, na União Europeia apenas, o equivalente a R$ 6,6 bilhões em informação são perdidos a cada ano.


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