O "novo iPad" traz boas melhorias em relação ao seu antecessor, mas em alguns casos elas não justificam um upgrade imediato
As filas já estão de volta na frente das lojas que trazem a marca da maçã. Mais um iPad, o desejado tablet da Apple, chega ao mercado. A novidade começa a criar uma onda de expectativa nos consumidores à medida em que é lançado em vários mercados - já que, inicialmente, só está disponível em dez países (Estados Unidos, Austrália, Canadá, França, Alemanha, Hong Kong, Japão, Cingapura, Suíça e Reino Unido) desde a última sexta-feira e alcançará mais outra leva de 25 países no próximo dia 23, sem previsão de ter o Brasil incluído na lista.
A pergunta a ser feita é: há mudanças significativas em relação à última versão do aparelho a ponto de merecer um upgrade por parte de quem já tem um tablet? Para início de conversa, em comparação com seu antecessor, o "novo iPad" - como foi batizado o rebento pela Apple na data de seu anúncio oficial, em 7 de março - não vem com mais memória interna, não apresenta diferença no tamanho da tela para concorrer com modelos de outros fabricantes, não traz a interface de assistência pessoal por voz Siri (presente no iPhone 4S), sua câmera não tem recurso de flash e, sim, ainda continua a léguas de distância da compatibilidade com a interface Adobe Flash. Para completar, seu processador é de 1GHz, a mesma velocidade do chip do iPad 2. Apenas o chip gráfico ganhou incremento de quatro núcleos (quad-core).
Sem apresentar mudanças nesses quesitos, o que faz o novo iPad ser o melhor tablet disponível no mercado e uma estratégia bem sucedida para se distanciar ainda mais dos rivais? Uma das respostas está no grande salto na qualidade da imagem de sua tela, com a incorporação do conceito de "tela retina" - assim chamado porque o display consegue concentrar tantos pixels a ponto de o olho humano não perceber os pontos que formam a imagem, melhorando a resolução.
Óculos novos
Sua tela de 9,7 polegadas tem resolução de 2048 x1536 pixels - ou 264 pixels por polegada. Isso resulta na visualização de textos como se estivessem impressos de verdade em papel e em vídeos e fotos com alta definição de impressionar. Especialistas que já experimentaram o novo tablet ressaltam essa qualidade: "usar a nova tela é como começar a usar óculos novos".
Além da tela supermelhorada, o novo iPad evoluiu na resolução da câmera, agora de 5 megapixels, capaz de capturar vídeo de alta definição de até 1080p. A memória RAM também dobrou, chegando a 1GB. O dispositivo ganhou a função de ditado, que permite ao usuário usar a voz para criar anotações, redigir e-mails ou escrever textos em aplicativos que utilizem o teclado virtual.
As novidades desta terceira geração do iPad justificam o investimento para quem vai adquirir um tablet pela primeira vez, bem como para usuários da primeira versão do aparelho. Para quem já tem um iPad 2, o que pode justificar um upgrade para o novo modelo é a sua capacidade de acesso à internet via banda larga móvel de quarta geração (4G). Mas essa tecnologia que só deve estar funcionando no Brasil no próximo ano. Os consumidores mais racionais, então, terão esse tempo para ir preparando os bolsos para fazer uma compra consciente. Os novos modelos do iPad com Wi-Fi têm preços de US$ 499 (versão com 16GB), US$ 599 (32GB) e US$ 699 (64GB). Os modelos de igual memória interna mas com acesso 4G e Wi-Fi custam US$ 629, US$729 e US$ 829 nos EUA.
Opinião do Especialista
Do lazer à produtividade
Fábio HumbertoDiretor da Two-S Tablet Solutions
Quando se fala de tablets, a maioria das pessoas pensa em entretenimento. Esta percepção, propagada também pela avalanche de aplicativos que têm a diversão como o principal objetivo, é resultado da estratégia utilizada no lançamento destes gadgets por empresas como a Apple, que, apostando no potencial da indústria do entretenimento, apresentaram os tablets como verdadeiras "centrais de divertimento".
A estratégia foi certeira. Em pouco tempo, os aparelhos tornaram-se objetos de desejo em todo o mundo e consolidaram-se como gadgets para fins recreativos, fato comprovado em pesquisa realizada no ano passado pela AdMob, uma das maiores redes de publicidade móvel do mundo, que apontou que os tablets são utilizados principalmente para jogos eletrônicos.
O foco no entretenimento, no entanto, faz com que os usuários negligenciem uma importante utilidade para estes aparelhos que revolucionaram a portabilidade da informação: o uso no ambiente corporativo. Além de permitir o acesso à internet e aos e-mails, práticas já bastante difundidas, com os aplicativos certos, os tablets podem ser aliados perfeitos para uma gestão empresarial mais eficiente.
Alguns empreendedores apostam neste segmento e, de forma pioneira, começam a desenvolver aplicativos corporativos para tablets, que permitem que os gestores acessem informações relevantes para a administração dos negócios e acompanhem o rendimento de seus colaboradores em tempo real, onde quer que estejam. Além disso, os aparelhos podem ser implementados na rotina operacional das empresas, facilitando processos como o controle da entrada e saída de mercadorias ou agendamento de reuniões e visitas a clientes.
A mobilidade trazida pelos tablets à administração das empresas é, sem nenhuma dúvida, um diferencial que não pode ser ignorado pelos gestores que pretendem ter relevância nos mercados nos quais atuam e, muito em breve, estes aparelhos revolucionários se tornarão uma necessidade imperativa para o sucesso dos negócios.
Rivais preparam mais modelos para este ano
Com mais um passo à frente dado pela Apple no mercado de tablets, os concorrentes também correm para lançar suas novidades nesse segmento e tentar abocanhar parte da fatia que resta no mercado.
A Lenovo deverá ser a primeira empresa a lançar um tablet com o novo sistema operacional da Microsoft, o Windows 8, embarcado. De acordo com o site "The Verge", que cita fontes próximas ao assunto, o dispositivo da chinesa Lenovo deve chegar ao mercado em outubro deste ano.
O Windows 8 é a aposta da Microsoft para tornar-se um importante coadjuvante no cenários dos tablets. O sistema deverá ter sua versão definitiva lançada no segundo semestre deste ano.
A fabricante finlandesa de celulares Nokia também anunciou que vai entrar no mercado dos tablets. Em matéria publicada pela revista finlandesa Kauppalehti Optio, o executivo-chefe de design da companhia finlandesa Marko Ahtisaari revela que a Nokia já está se dedicando à criação do seu próprio dispositivo. Ahtisaari disse que está investindo um terço de suas horas de trabalho no desenvolvimento do tablet.
O executivo ressaltou que a empresa prepara uma abordagem diferenciada em relação aos demais fabricantes que concorrem com o iPad da Apple.
Fontes próximas à Nokia afirmam que a fabricante deve lançar seu concorrente do iPad ainda neste ano. Assim como a Lenovo, a Nokia também vai apostar na parceria com a Microsoft para colocar no mercado mais um modelo de tablet rodando o sistema operacional Windows 8.
Xoom 2 no Brasil
A Motorola anunciou na semana passada o lançamento do Xoom 2, seu mais novo tablet que roda o sistema operacional Android, do Google. Sucessor do Xoom original - lançado há quase um ano -, o aparelho é muito similar ao Xoom 2 Media Edition, que chegou ao mercado em dezembro do ano passado, oferecendo a opção de tela maior, de 10.1 polegadas.
Além da tela (com resolução HD, 1280 x 800 pixels) o tablet tem um processador dual-core de 1.2 GHz, com 32 GB de memória interna (expansível com cartões microSD), duas câmeras (5 MP com flash para fotos, 1,3 MP para videochamadas), Wi-Fi e 3G. O dispositivo utiliza o sistema Android 3.2 (Honeycomb). O preço é R$ 1,9 mil.
Concorrentes devem dominar daqui a três anos
Os tablets com sistema operacional Android estão ganhando participação de mercado e devem superar as vendas do iPad em 2015. Segundo dados divulgados pela consultoria IDC, o sistema operacional iOS, que comanda o iPad da Apple, perdeu espaço e fica com 54,7% do mercado, enquanto o Android chegou a 44,6% do total de vendas de tablets no quarto trimestre do ano passado.
O preço dos tablets com Android devem ser o principal fator para a inversão do mercado, de acordo com a IDC. Um exemplo é o Kindle Fire, tablet da Amazon que alcança sucesso nos Estados Unidos ao ser vendido por US$ 199. O total de tablets vendidos no período analisado pela IDC chegou a 28,2 milhões de unidades em todo o mundo, o que representa um crescimento de 155%. Segundo o IDC, no ano de 2011 foram vendidos, no total, 68,7 milhões de unidades de tablets em todo o mundo.
A Apple vendeu 15,4 milhões de unidades do produto no quarto trimestre, enquanto a Amazon vendeu 4,7 milhões de unidades do Kindle Fire. Com isso, a Apple abocanhou 54,1% das vendas e a Amazon ficou em segundo lugar, com 16,8% do total das vendas.
A Samsung, fabricante da linha de tablets Galaxy Tab, ficou em terceiro lugar no ranking, com 5,8% do mercado mundial de tablets, seguida pela Barnes & Noble, com o seu Nook Tablet, que teve 3,5% do mercado no quarto trimestre de 2011.
Leitores digitais
As vendas dos aparelhos para leitura de livros eletrônicos, os e-readers, aumentaram consideravelmente em relação a 2010, ainda de acordo com o estudo da IDC. No quarto trimestre de 2011, os fabricantes venderam 10,7 milhões de unidades destes aparelhos, um aumento de 64,3% nas vendas em um ano.
Segundo a IDC, o mercado para estes produtos deve crescer ainda mais em 2012, quando empresas como Amazon e Barnes&Noble se preparam para entrar em outros mercados fora dos Estados Unidos e Europa.
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